O número de pessoas à procura de emprego cresceu em setembro mais do que a capacidade do mercado de absorver o excedente de mão de obra.
Como resultado, a taxa de desemprego no País sofreu um ligeiro aumento: saiu de 5,3% em agosto para 5,4%, embora não tenha ocorrido corte de vagas. O crescimento no número de desocupados em São Paulo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o principal motivo.
Analistas receberam os resultados como a prova de que ainda há um cenário favorável no mercado de trabalho. A tendência é de aumento nas contratações nos próximos meses, puxadas pelas vagas temporárias típicas do fim do ano, mas também como consequência dos estímulos adotados pelo governo para reaquecer a economia.
"O mercado de trabalho continua muito bom, melhor ainda quando o enxergamos num cenário em que a economia ainda não deu uma arrancada mais forte", afirmou a economista Maria Andréia Lameiras, pesquisadora especialista em emprego no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Renda. A taxa de desocupação em setembro foi a menor para o mês desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002. Na comparação com agosto, houve ainda aumento na renda média real (0,1%) e na massa de salários paga aos trabalhadores (0,9%).
"Todos os sinais mostram o mercado de trabalho robusto. Os salários nominais voltaram a crescer, assim como a massa salarial", ressaltou José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Investimentos e professor da PUC-Rio. "Por uma questão sazonal, a taxa de desemprego cai mais a partir de outubro. Em dezembro podemos ter uma taxa de muito baixa, de 4,5%."
O economista Flávio Combat, da Concórdia Corretora, também não vê inflexão na tendência de manutenção do mercado de trabalho aquecido.
"Ao contrário: pelos estímulos à economia introduzidos pelo governo, a perspectiva é de aumento das contratações", disse, lembrando que os incentivos aos investimentos privados são uma boa sinalização no médio prazo para o empresário, "que é quem toma as decisões de contratação ou desmobilização da mão de obra". "Há praticamente estabilidade no nível de emprego há três meses", disse.
São Paulo. Em setembro, quatro entre as seis regiões metropolitanas pesquisas pelo IBGE registraram redução na taxa de desocupação. Houve estabilidade em Porto Alegre, mas o que afetou o resultado nacional foi o resultado ruim de São Paulo, que registrou um aumento considerável na taxa de desemprego, de 5,8% em agosto para 6,5% em setembro.
Houve estabilidade no número de ocupados na região, com a entrada de duas mil pessoas no mercado de trabalho. No entanto, a população desocupada subiu 12,8% no período, o equivalente a 76 mil pessoas a mais procurando emprego.