Se o ano que vem promete uma melhora significativa do crescimento da economia em relação a 2012, o crédito, por enquanto, não parece que terá um desempenho tão superior. A projeção de 31 instituições financeiras ouvidas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é que o avanço do estoque será de 16,3% em 2013. Nos 12 meses encerrados em setembro, o crédito cresceu 15,8%.
Ainda que sugira certa estabilidade, economistas apontam em uma diferença crucial para o cenário de crédito do ano que vem: que a inadimplência, enfim, mostrará tendência de queda, ainda que o recuo seja modesto. Por enquanto, porém, isso custa a se firmar. A taxa de atrasos acima de 90 dias em setembro foi de 5,9%, patamar em que resiste há três meses.
"A redução da inadimplência tem demorado mais do que se esperava. Nossa expectativa é que ela fique clara no quarto trimestre e no primeiro do ano que vem", avalia Maurício Molan, economista-chefe do Santander, que trabalha com estimativa de avanço de 15% a 20% do crédito no médio prazo.
Ele afirma que na medida em que os spreads de crédito brasileiros se aproximem dos padrões internacionais, a tendência é que a taxa de inadimplência faça o mesmo, e que as variáveis reforcem a queda uma da outra. "Estamos no início de um processo permanente de redução da inadimplência."
"A inadimplência está se acomodando, mas a redução depende também de uma retomada do ritmo de concessão do crédito", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, associação que reúne as financeiras. "Sem novas concessões, o estoque leva mais tempo para se renovar e a inadimplência demora para cair", afirma. Para ele, essa é a explicação dos bancos terem ampliado esforços de renegociação de dívidas nos últimos meses.
Cálculos da LCA Consultores apontam que a média diária das concessões de crédito com ajuste sazonal atingiu R$ 9,3 bilhões em setembro. O dado representou uma queda de 1,9% ante agosto, completando o terceiro resultado negativo seguido. Na pessoa física, o recuo das concessões foi de 3% em setembro, após ajuste.
A LCA, que estima crescimento de 16,5% do crédito no ano que vem, trouxe uma das poucas boas notícias recentes do crédito. Em agosto, pela primeira vez desde a segunda metade de 2011, os setores do comércio varejista ligados ao crédito tiveram desempenho superior àqueles ligados à renda.